Análise: Tony Hawk’s Pro Skater 1+2

Um ano após seu lançamento, será que Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 continua valendo a pena?

Plataformas: PC / Playstation 4 / Playstation 5 / Xbox One / Xbox Series X/S

A geração 32 bits, onde o Playstation fez sua estreia, com certeza foi uma das mais impressionantes em termos de inovação, em quantidade e com qualidade.

Era como se houvesse uma quantidade enorme de ideias, de diversos desenvolvedores, represadas, somente esperando a oportunidade certa.

A liberdade de criação, aliada ao fato de que havia bem ali na frente de todos uma plataforma cheia de possibilidades, com recursos técnicos antes inimagináveis e limites ainda desconhecidos, parece ter aberto esta represa e o mundo dos games foi alagado com novos títulos e franquias, vindos de todos os lados.

Muitos foram os clássicos que surgiram nesta época, trazendo recursos e conceitos que modernizaram e influenciaram muito o que seria feito dali para frente.

Alguns jogos fizeram um sucesso tão grande que extrapolaram os videogames, foram verdadeiros fenômenos culturais. Ajudaram a pavimentar o caminho aberto pelas gerações anteriores rumo a popularização dos videogames, que podemos afirmar já ter sido alcançada nos dias de hoje.

A franquia Tony Hawk’s certamente faz parte deste seleto grupo, sendo um sucesso tão grande que mesmo em uma época onde os games eram muito menos populares do que são hoje, até mesmo pessoas que não tinham contato nenhum com videogames acabavam reconhecendo o “joguinho de skate”.

Nascia então naquela geração, uma das mais famosas e rentáveis franquias daquela era, transformando gamers em skatistas e skatistas em gamers.

O Nascimento e a Saturação da Franquia

Os jogos de skate não eram novidade, bem como a estratégia de associar uma lenda ou referência de uma modalidade a um jogo. Mas Tony Hawk’s Pro Skater parece ter nascido predestinado a ser mais que um jogo.

Tínhamos ali ótimos gráficos para a época e uma trilha sonora incrível, focada em agradar e representar o pessoal da cultura dos skates, mas que por ser extremamente bem selecionada agradava a praticamente todo mundo.

Pode acreditar, na época o simples fato de ouvir uma música sendo reproduzida em alta qualidade dentro de um jogo já era impressionante, a mídia CD foi uma inovação na indústria fonográfica e revolucionou a indústria dos games.

Mas se eu tivesse que escolher o principal motivo para explicar o que tornou Tony Hawk’s Pro Skater um sucesso, com certeza diria que foi a maneira extremamente inteligente e eficaz que eles escolheram para “traduzir” ou “gamificar” o mundo dos skates para o mundo dos games.

Ao mesmo tempo em que não havia um compromisso tão rigoroso com a simulação ou a física, existia um pé na vida real, incluindo um vasto repertório de manobras, que eram reproduzidas de maneira bastante convincente dentro do jogo.

As mecânicas foram muito bem pensadas e bem desenvolvidas, de modo a abrir mão do realismo na medida e nos momentos certos para tornar o jogo extremamente divertido, dando ao jogador a liberdade para criar combos impressionantes, sem deixar de impressionar quem gostava de skate no mundo real.

Com certeza grande parte do mérito veio da sábia decisão de colocar Tony Hawk como o rosto do jogo. Não apenas pelo fato de o mesmo já ser uma lenda da modalidade, mas também por ser um grande sujeito, tendo o carisma para reunir e representar outras lendas do skate.

Lendas como Rodney Mullen, que inventou sozinho uma gama de manobras, também desafiando a física do mundo real. Ou mesmo Bob Burnquist (que continua sendo meu skatista favorito dentro e fora do jogo), nosso querido representante do Brasil e que com este sobrenome maneiro, muita gente só teve certeza que ele era brasileiro por causa do jogo.

Toda esta galera profissional presente no jogo, colaborou muito para oficializar este como sendo o título definitivo de skate da época.

Sem dúvidas muitas pessoas aprenderam mais sobre skates ou até viraram skatistas por causa deste jogo. Eu mesmo não tinha intimidade nenhuma com skates, mas apesar de não ser skatista, passei a me interessar em aprender um pouco mais sobre as manobras e os skatistas. Passei até mesmo a apreciar melhor as competições da modalidade.

Esta quantidade de elementos únicos e de altíssima qualidade, combinadas sobre mecânicas que tornavam o simples fato de andar de skate por um parque algo divertido por si só, renderam uma sequência de bons jogos, que se estenderam pelas gerações seguintes.

A franquia foi se expandindo e melhorando tudo até o quarto jogo, mudou um pouco de direção em Tony Hawk’s Underground 1 e 2, onde ainda manteve um ótimo nível de qualidade, vendas e sucesso.

Mas infelizmente como foram muitos jogos lançados em um curto espaço de tempo (tornou-se basicamente uma franquia de lançamento anual), a série não conseguia mais trazer novidades na mesma velocidade dos lançamentos e passou pela fase de estagnação seguida do declínio. Cada novo jogo tinha menos impacto que seu antecessor e a franquia foi se desgastando até ser deixada de lado.

Infelizmente isto é algo que continua acontecendo no mundo dos games, onde grandes produtoras empurram lançamentos em sequência, em busca de lucros rápidos. Muitas vezes acabando com franquias que poderiam se manter lendárias, a longo prazo e por tempo indeterminado.

A concorrência também não estava perdoando, com destaque para a franquia Skate da Electronic Arts, que obtinha bom proveito de tecnologias mais atuais, para trazer um jogo que tinha como foco ser mais próximo da simulação.

Desde então a Franquia de Tony Hawk continuou fazendo aparições em plataformas diversas, com propostas diferentes, mas sem nunca repetir o nível de produção, qualidade e impacto de outrora.

O tempo passou e os fãs já sentiam saudades dos “tempos de ouro” da franquia.

Em 2012 foi lançado Tony Hawk’s Pro Skater HD, trazendo uma coleção de pistas e músicas dos jogos clássicos, com controles e gráficos modernizados.

Eu mesmo estava com muita saudade da série e consegui me divertir bastante com este jogo, enquanto muitas pessoas não gostaram de jeito nenhum! Mas acredito que a maioria dos fãs acabou concordando que ainda não era o retorno que a franquia merecia, deixando aquele gosto de doce misturado com amargo.

Eis que depois de muito tempo, em 2015, surgiu o anúncio de Tony Hawk’s Pro Skater 5, enchendo os fãs de esperanças. Mas para a decepção de todos, tudo foi ainda pior e o jogo foi um fiasco enorme. A reputação da franquia foi parar na lama.

Quando ninguém mais botava fé, em 2020, surgiu Tony Hawk’s 1 + 2, um pacote que depois de todos estes acontecimentos ainda ousava dizer que traria um remake dos dois primeiros jogos da franquia, os favoritos de muitos fãs.

Tudo isso nos trouxe até este momento e aqui estamos nós em 2021, falando sobre este pacote, que possui potencial para se tornar o ressurgimento desta amada franquia.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2

O lendário estúdio Vicarious Visions foi encarregado de trazer de volta a franquia Tony Hawk’s Pro Skater, assim como fez com Crash Bandicoot recentemente. Mantendo a mesma linha, decidiu trazer de volta os dois primeiros jogos da franquia (que ainda são os favoritos de muitos fãs) em um único pacote.

Embora tenha sido classificado como remaster, não é preciso muito tempo para perceber que não se trata de uma remasterização pura e simples.

Ainda que toda a autenticidade da experiência clássica tenha sido mantida e o núcleo tenha sido preservado, os caras refinaram tudo, trazendo ainda novidades como novos skatistas que estão fazendo sucesso atualmente (e na época do jogo original também ainda deveriam ser crianças), melhorias na apresentação visual, novos menus, desafios e recompensas.

Se eu tivesse que classificar de alguma maneira, não diria que foi uma remasterização e nem um remake, diria que foi uma restauração. Um trabalho meticuloso de desmontar peça por peça da versão clássica e antes de montar tudo de novo, polir e ainda acrescentar melhorias significativas.

Uma das sacadas mais geniais, inclusive, foi adicionar recursos de jogabilidade presentes somente nos títulos mais recentes da franquia. Ou seja, você joga os clássicos Tony Hawk’s 1 e 2, que estão ali intactos e com controles impecáveis, mas pode usar recursos como o Wallplant, Spine Transfer e variações de manobras com toques extras nos comandos básicos, por exemplo. Uma mescla que faz todo o sentido para trazer um ar de novidade mesmo revisitando jogos que já conhecemos muito bem, ao mesmo tempo trazendo maior profundidade, fazendo com que mesmo após horas de jogo você ainda tenha algo a aprender.

Fácil de pegar, difícil dominar. Uma das qualidades que eu mais admiro encontrar em um jogo e algo que continua presente aqui neste título. Jogar Tony Hawk’s Pro Skater continua sendo como aprender um idioma, onde você vai aprendendo palavras soltas, começa a formar frases e quando se dá conta já está conversando com fluência, andando pelas fases e criando combos que deixariam o Tony orgulhoso de você.

Claro, muitas vezes você precisa se apegar às suas sequências de confiança, mas quando começar a se se sentir mais à vontade, é muito divertido sair improvisando. A liberdade que o jogo te dá para tomar decisões em tempo real é algo muito importante para tornar cada partida única.

Em resumo, se você adora as mecânicas de jogo de Tony Hawk’s Pro Skater, vai se deliciar com este jogo.

Ainda faltam algumas coisas dos jogos mais recentes, como por exemplo a possibilidade de descer do skate e caminhar com o personagem ou a manobra “Spacewalk”, novidade que chegou em Tony Hawk’s Underground, tornando-se muito importante para conectar manobras e esticar combos. Mas no geral tudo foi bem balanceado e o trabalho foi extremamente bem feito, com ótimas escolhas.

A cobertura do bolo é a qualidade do acabamento e dos efeitos visuais, trazendo modelos detalhados, cenários muito bonitos e animações excelentes, inclusive as de quedas, que são muito convincentes.

Os menus também são dignos de elogios. Tudo bem organizado, rapidamente acessível e com uma apresentação visual muito caprichada. O menu inicial carrega até o modelo do seu personagem atual e tudo é feito sem demora, mantendo a fluência e a suavidade.

Por falar em modelos de personagens, um detalhe muito legal é que eles não tentaram rejuvenescer os modelos dos skatistas reais. Todos estão lá exatamente como são atualmente e assim como todo mundo também envelheceram. Somente Tony Hawk, Rodney Mullen e Steve Caballero possuem a versão atual e a versão jovem, sendo estas versões jovens exclusivas do conteúdo da versão Deluxe do jogo.

A trilha sonora não traz rigorosamente todas as músicas de ambos os jogos, mas faz uma boa coletânea, mantendo a nostalgia lá no teto. Como nos outros setores do jogo, a trilha também traz novidades, com músicas inéditas. O destaque é para a faixa “Confisco”, da banda Brasileira Charlie Brown Jr: Uma merecida homenagem que chegou após inúmeros pedidos dos fãs, por intermédio de Bob Burnquist.

A decisão de manter um balanço entre novo e antigo, a mescla entre o clássico e o recente, possibilita este equilíbrio fino entre nostalgia e novidade.

Se você jogava algum jogo da série pode apostar que a sensação estará intacta e se sua memória estiver viva, pode apostar que em pouco tempo estará fazendo combos e tendo a sensação de retornar ao lar.

Se você nunca jogou nada da série, pode ter certeza que o que temos aqui é um jogo novo em folha, com a essência de um clássico. A oportunidade perfeita de conhecer a franquia e quem sabe até presenciar seu ressurgimento.

Joguei Tony Hawk’s HD, Devo Jogar Este?

Nem todo mundo sabe, mas no ano de 2012 foi lançado uma espécie de remaster dos primeiros jogos da franquia, intitulado Tony Hawk’s Pro Skater HD.

O desenvolvimento ficou a cargo da Robomodo, um estúdio bem mais novo e modesto, que recebeu a difícil missão de agradar a apaixonada base de fãs, cheia de saudades.

Eu mesmo estava com tanta saudade da franquia que na época consegui me divertir muito com este jogo, terminei ele várias vezes no Playstation 3 e no PC.

Mas a maioria das pessoas detestou e mesmo não achando o jogo péssimo, não há como discordar que foi algo que não chegou nem perto do que a franquia Tony Hawk’s e seus fãs mereciam.

Não existe a menor condição de comparar Tony Hawk’s HD com este pacote do Tony Hawk’s 1 + 2, porque este sim conseguiu fazer justiça aos fãs.

Mesmo também sendo uma referência direta aos dois primeiros jogos da franquia, Tony Hawk’s HD não trouxe todas as fases dos dois primeiros jogos, optando por trazer uma “coletânea” das supostas fases favoritas dos fãs. Posteriormente foi lançado um pacote de conteúdo adicional (DLC), trazendo alguns recursos e personagens adicionais, bem como uma nova coletânea de fases vindas de Tony Hawk’s Pro Skater 3.

A trilha sonora também era uma coletânea, porém trazia uma quantidade bem reduzida de faixas.

Pessoalmente eu achava que os gráficos HD não faziam feio na época, mas a física e os controles eram sim bem esquisitos. O jogo era extremamente lento, parecia que seu personagem estava na lua, com gravidade reduzida.

Sendo assim, mesmo que você também tenha conseguido se divertir com Tony Hawk’s HD, de forma alguma ele vai substituir a experiência deste novo jogo. Sério, mesmo tendo curtido na época não consigo pensar em nada que o HD faça melhor que este aqui.

Tony Hawk’s pro Skater 5

Tempos depois, meio que de surpresa para muitas pessoas foi anunciado o Tony Hawk’s Pro Skater 5, trazendo também novas esperanças aos fãs. O alto preço de lançamento reforçava as indicações de que este seria finalmente um novo capítulo na franquia.

Mas novamente os fãs quebraram a cara e em um dos momentos mais obscuros da série, muitos acreditaram que a franquia havia sido enterrada de vez.

Lamentavelmente este foi um enorme fracasso e se em Tony Hawk’s Pro Skater HD ainda houveram algumas pessoas conseguindo aproveitar o jogo, aqui em Tony Hawk’s Pro Skater 5 de forma praticamente unânime as pessoas detestaram.

Quando vi os vídeos e as reviews, também fiquei decepcionado e pulei este jogo sem o menor remorso.

Se você fez parte daqueles que se traumatizaram neste episódio, fique tranquilo pois Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 passa longe de ser algo mal-acabado. Na verdade, Tony Hawk’s Pro Skater 5 parece ter sido a gota d’água para que a Activision se tocasse e finalmente fizesse algo no capricho.

Ainda assim é importante relembrar mais este acontecimento e observar o quanto os fãs sofreram para finalmente conseguir um retorno digno.

Duração e “Rejogabilidade”

Temos aqui todas as fases dos dois primeiros jogos da franquia e se analisarmos a duração do jogo como uma passagem única pelo modo principal (modo Tour), talvez sejamos imprecisos ou até injustos.

Em minha primeira passagem para completar os dois jogos com um único personagem, fiz tudo sem pressa, saboreando cada momento. Os detalhes e objetivos praticamente se apagaram de minha memória desde que joguei os originais no Playstation, foi muito divertido ir redescobrindo as fases, sem recorrer a guias e dicas.

O conteúdo single player é dividido em três porções: Tony Hawk’s 1, Tony Hawk’s 2 (as principais) e “Ranked e Free Skate”. Nesta primeira partida completei as duas porções principais do modo tour com algo entre 14 e 15 horas de jogo, desfrutando tudo realmente com bastante calma.

Neste conteúdo de um jogador, assim como é tradicional na série, temos o modo onde somos levados pelas fases em sessões de dois minutos, onde devemos cumprir diversos objetivos, aqui chamado de modo Tour. Nestas fases também estão espalhados símbolos que representam pontos de atributos. Nossos personagens começam com um determinado número de pontos de atributos e ao coletarmos estes novos pontos podemos evoluir as habilidades desejadas, como por exemplo a altura do pulo e o equilíbrio nos grinds.

Seu progresso não é perdido após o termino da sessão, então você pode ir repetindo sessões quantas vezes forem necessárias para completar todos os objetivos. Após realizar uma determinada quantidade de objetivos, a próxima fase é liberada e assim por diante. Entre as fases com objetivos, existem algumas fases de competição, onde temos de fazer três sessões de um minuto na pista em questão, e as duas melhores sessões serão consideradas para a nota final. A fase é concluída quando atingimos o top 3, recebendo bronze, prata ou ouro.

Um detalhe importante a destacar e que muitos sites que analisaram o jogo no lançamento ficaram desatualizados, é que inicialmente os objetivos do modo Tour eram compartilhados entre todos os personagens em uma passagem unificada. Ou seja, ainda que você não jogasse com o mesmo skatista do começo ao fim, os objetivos realizados eram registrados como concluídos para todos. Somente os pontos de atributos não eram compartilhados, então uma vez cumpridos todos os objetivos, só lhe restaria andar pelas fases coletando os pontos de atributos que faltavam para aquele personagem.

Esta mudança gerou muitas reclamações porque a maioria das pessoas gosta de ir refazendo o modo Tour com cada um dos skatistas, cumprindo os objetivos e coletando os pontos.

Mas foi algo rapidamente consertado pelos desenvolvedores, que lançaram uma atualização e agora temos a Tour compartilhada com todos os skatistas como campanha principal, mas também temos a “Solo Tour”, onde cada skatista fica com o registro individual de progresso.

Na terceira e última porção do single player do game e contando para os 100% de progresso, somos convidados a passar pelas fases jogando o modo sessão única, uma sessão padrão de 2 minutos, com o único objetivo de fazer a pontuação mais alta que conseguirmos. Temos também o modo speedrun, que é uma corrida contra o tempo para cumprir todos os objetivos de uma determinada fase em uma única sessão, onde o contador de 2 minutos se transforma em um cronômetro para registrar nosso recorde. E finalmente o modo livre, onde podemos andar pela fase sem limite de tempo, só curtindo. É praticamente um modo “bis” das duas porções principais.

Temos também o multiplayer local, o multiplayer online e a customização, formando uma quantidade substancial de conteúdo.

O modo customização não traz uma enorme quantidade de opções para que você mesmo crie a aparência física de seu personagem. Temos um conjunto de rostos, cabelos, barbas e tons de pele que podemos ir combinando entre si, em busca de criar um conjunto que nos agrade. Se o seu desejo for criar um boneco que se pareça com você dentro do jogo, dificilmente conseguirá, a não ser que você seja parecido com algum destes rostos predefinidos. Ainda assim é uma quantidade boa o suficiente de opções.

Já na parte de equipamentos temos uma quantidade bem maior de alternativas. Podemos escolher uma boa variedade de roupas, chapéus, shapes e trucks, rodinhas, tênis e até mesmo algumas tatuagens.

O detalhe aqui é que uma grande parte das opções fica trancada e vai sendo liberada conforme o jogador for cumprindo desafios com os skatistas. Não apenas os desafios das fases, mas também uma lista de desafios individuais, existentes para cada um dos personagens, inclusive os criados por você mesmo.

Ao longo do jogo vamos ganhando dinheiro, que pode ser usado para comprar itens na loja de skate, conseguindo ainda mais opções para personalizar nosso skatista. Inclusive um dos grandes medos dos fãs era que este dinheiro do jogo, utilizado para comprar itens cosméticos, fosse um espaço para que microtransações chegassem posteriormente. Até o momento isto não ocorreu e não temos nada do tipo.

Na porção multiplayer do jogo, no multiplayer online, é preciso decidir se jogará na modalidade casual (rolês) ou competitiva.

Após decidir entre uma destas duas modalidades, você poderá criar ou entrar em uma sala com até sete outros jogadores, onde as pistas e modos de jogo serão escolhidos de maneira aleatória, continuamente.

Existem os modos de jogo concentrados em desafios de manobras, combos, pontuações e o modo grafite, onde ocorre uma disputa por objetos e rampas da pista: todo local onde você fizer uma manobra será pintado com uma cor que representa seu personagem, ao final ganha quem tiver mais “território” conquistado.

Temos ainda dois modos exclusivos do multiplayer local: Pega-Pega e H-O-R-S-E, que é mais uma variação de disputa de combos.

Fechando a boa quantidade de opções, existe também o modo livre, onde todo mundo fica livre andando pelas fases.

Uma decisão que pessoalmente achei muito boa é que durante as partidas os skatistas não colidem uns com os outros, se você trombar com outro jogador ninguém cairá, serão como fantasmas.

Quem prefere o multiplayer local também foi lembrado e você poderá disputar revezando o controle com a outra pessoa, mas também poderá optar por modos com a boa e velha tela dividida, desta vez sem se preocupar com limitações de performance, como ocorria nos jogos antigos.

Por último, mas não menos importante, temos o modo “Crie Sua Pista”. Como o próprio nome diz, você poderá soltar a criatividade utilizando as ferramentas do jogo para criar sua própria pista, mas também poderá jogar pistas criadas por outras pessoas.

Algo muito legal aqui é que após jogar uma pista você poderá avaliar se gostou ou não, fortalecendo a comunidade em torno deste modo e destacando os criadores mais dedicados. A própria Vicarious Visions trouxe algumas pistas criadas por eles mesmos neste editor, dando aquele incentivo inicial.

Em resumo, modos de jogo não serão um problema. Foi incluído praticamente tudo o que os jogadores poderiam querer.

Se você aprecia THPS somente pelas mecânicas e pretende revisitar o jogo constantemente como fazíamos no Playstation, pode apostar que não ficará desapontado e não faltarão maneiras de curtir este título por tempo indeterminado.

A Versão de Nintendo Switch e os Upgrades Para a Nova Geração

Desde de seu lançamento original em 2020, foram implementadas correções e melhorias no jogo, como o já mencionado modo “Tour Solo”. Mas houveram também outros acontecimentos importantes.

Um deles foi a polêmica envolvendo a atualização de versão dos consoles da antiga geração para a nova. Quem possuía o jogo em algum console da geração anterior, teve que comprar um pacote de upgrade para os consoles mais atuais. Algo que gerou revolta entre muitos jogadores.

Recentemente tivemos também o lançamento de uma versão para o Nintendo Switch!

A qualidade da versão do Switch tem dividido opiniões. Como o Nintendo Switch possui algumas limitações em relação aos demais consoles, naturalmente foi necessário que os desenvolvedores realizassem adaptações para reduzir a qualidade em alguns setores do jogo, basicamente o setor dos gráficos.

Algumas pessoas não gostaram, alegando que a qualidade gráfica foi reduzida demais. Apesar de não termos encontrado maiores reclamações em relação a performance, indicando que possivelmente esteja de acordo com o esperado.

Mas o fato é que poder jogar um título desta qualidade em um console portátil parece ser realmente bem legal!

Não chegamos a testar a versão do Switch e esta análise é somente para PC e consoles, porém muitos pontos que citamos podem certamente ser considerados para todas as versões, inclusive esta do Switch.

Vale a Pena?

Jogar Tony Hawk’s Pro Skater é relembrar de uma época muito feliz da minha vida. Da escola, dos amigos trocando ideias sobre manobras, combos e segredos do jogo.

Porém jogar THPS 1 + 2 não é apenas reviver boas memórias, é também criar memórias e momentos novos.

É muito legal andar por cenários já conhecidos, desta vez com um nível de detalhamento e efeitos que jamais imaginaríamos na época do primeiro Playstation. Aqueles cenários compostos por polígonos rústicos que deixavam muito a cargo da imaginação do jogador, aqui praticamente viram realidade, repletos de detalhes.

Uma sensação que só consigo recordar de ter sentido com o remake de Resident Evil 2.

Quando colocamos lado a lado o que este jogo entrega e o que um remaster se propõe a entregar, fica realmente difícil encontrar algum defeito. A única coisa que eu conseguira apontar é que faltou um modo de fotografia, com certeza proporcionaria ótimas imagens. Ainda assim não diria que é um ponto contra e quem sabe ainda adicionem esta funcionalidade.

Inicialmente fiquei com receio em relação ao preço, mas ao jogar e perceber o nível de qualidade e acabamento acima da média, também me pareceu injusto cravar isto como um ponto contra. Ainda que cem reais me pareça um preço muito mais justo que os duzentos que são cobrados, fica difícil desencorajar alguém a investir neste jogo, pelo menos enquanto este permanecer livre de microtransações.

É realmente importante observar que apesar de ter este carinho e esta história com a franquia, sem dúvidas este pacote é relevante também para novos jogadores. Finalmente lançaram um jogo caprichado e ver as mesmas mecânicas de tempos atrás funcionando tão bem, acaba sendo uma comprovação de que Tony Hawk’s Pro Skater é especial, atemporal.

Uma prova de que a franquia ainda tem muita lenha para queimar, se conduzida da maneira correta. Seja através de outros remasters dos jogos antigos, seja com Undergound ou até mesmo um jogo inédito.

Um ano após seu lançamento, Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 continua fazendo bonito e os fãs continuam na esperança de outros jogos da franquia recebam o mesmo tratamento. Temos um jogo refinado, bem polido e que desde seu lançamento teve como principal adição o modo “Tour Solo”.

Diferente de quando a franquia surgiu e se fortaleceu lá nas gerações passadas, no momento encontra-se sem concorrência direta, uma vez que os jogos da modalidade tenham se tornado mais raros ou tentando outras abordagens.

Torcemos muito para a chegada de novos jogos na série, com a única condição de que sejam tão bem feitos quanto este, pois os fãs não podem e não devem mais aceitar menos que o que temos aqui.

Recomendamos uma conferida no site oficial que está bem caprichado e traz uma galeria interativa bem bonita.

Comprar, Esperar ou Deixar Passar?

Barry

Muitas pessoas podem não gostar da franquia Tony Hawk’s Pro Skater, outras ainda nutrem algum tipo de ressentimento por tudo o que a Activision fez os fãs passarem ao longo do tempo.

Tudo isso é compreensível e pode render boas discussões, mas algo difícil de contestar é o fato de que Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 é totalmente coerente com o que se propõe a ser.

Dentro de sua proposta o jogo é excelente, entregando uma experiência sólida e extremamente polida. Não tive problemas com bugs e a empresa fez mais do que simplesmente entregar um remaster.

Eu diria que se você gosta da série, e Tony Hawk’s Pro Skater for aquele jogo que você sempre vai abrir para tirar umas partidas no seu tempo de descanso ao fim do dia, este é um jogo imperdível.

De qualquer forma, a minha conclusão é a de que este jogo vale a compra. Sobretudo pela qualidade da experiência.

Marcão

Eu adoro Tony Hawk’s Pro Skater!

Na minha opinião sempre será um dos jogos que representam o que um jogo de videogame deve ser. Nada contra os simuladores porque eles têm muito valor, eu adoro simuladores.

Mas quando a gente pensa em transformar algo da vida real em videogames, com certeza esse é um dos jogos que eu lembro na hora.

Você faz tudo de uma maneira tão divertida dentro do jogo e é tudo tão legal, tão gostoso de controlar que quando comecei, já pensei como pude ter passado tanto tempo sem jogar isso.

É o tipo de jogo que vou continuar jogando ao longo dos anos, então no meu caso o investimento vale a pena.

Eu engano minha mente pensando que na verdade são dois jogos. Então se eu dividir o preço total por dois, me faz perceber que de qualquer forma eu ia querer comprar os dois jogos de uma vez, mesmo se pudesse comprar separadamente. Meio confuso, né?

Meu voto é que este vale a pena comprar!

Pépe

Para vocês terem uma noção do sucesso que Tony Hawk’s foi no Playstation 1, na época do lançamento o Bigode teve que abrir o bolso e comprar três cópias adicionais e nem assim deu conta da demanda. Algo impressionante devido ao fato de o Bigode normalmente comprar no máximo duas cópias de qualquer jogo, deixando o pessoal sair na mão para decidir quem levava para casa.

Claro que eu preferia um novo jogo de Tony Hawk’s Pro Skater com este nível de qualidade. Mas não dá para ignorar que mesmo com a quantidade enorme de jogos que saem atualmente, o que foi criado nestes clássicos continua sendo tão divertido e único que você não vai encontrar em outros lugares.

O preço dos jogos está cada vez mais alto sim, mas eu ainda prefiro investir em um jogo que eu vá jogar por muito tempo, do que gastar este valor em dois ou três jogos que jogarei por um tempo e já deixarei encostado.

A versão Deluxe é ainda mais cara, mas traz alguns conteúdos que achei bem legais.

Digo com certeza que este aqui vale a compra.

Cap. Barry

A paixão por videogames surgiu à primeira vista, em algum lugar entre as gerações 8 e 16 bits

Falar sobre games sempre foi uma parte da diversão, eu e meus amigos passávamos muito tempo jogando e conversando sobre nossos jogos, na antiga locadora do Bigode, em casa e na escola.

Mesmo num mundo cada vez mais digital, encontrar pessoas apaixonadas por videogames e falar sobre nossos jogos continua sendo importante.

Decidi então fundar a iniciativa Bigode Games, um lugar onde falamos sobre o melhor que os videogames podem nos proporcionar.

bigodegames.com.br/