Double Dragon Gaiden: Rise Of The Dragons | Análise / Review

Os irmãos Lee finalmente estão de volta!
Mas será que Double Dragon Gaiden dá conta de carregar o nome de uma das franquias mais clássicas do mundo dos games?


O Despertar Dos Dragões

Double Dragon: a franquia que simplesmente definiu o gênero beat ‘em up, num dos capítulos mais importantes da história dos games!

O primeiro Double Dragon foi o primeiro amor de muitos jogadores pelo mundo afora.

Com sua fórmula pioneira, fez a alegria de muitos fãs, e também dos donos de fliperamas.

Double Dragon conquistou os arcades e não demorou para começar a invadir os consoles, trazendo excelentes versões, desde a geração 8 bits.

Mas infelizmente essa história não foi feita apenas de glórias, e o pioneirismo não foi apenas para coisas boas.

O polêmico Double Dragon 3, por exemplo, foi o “avô” das microtransações.

A franquia foi também um dos primeiros exemplos do desgaste de uma propriedade intelectual, ao menos no mundo dos games.

Foram diversos jogos lançados num curto espaço de tempo, alguns deles com pouco ou nenhum compromisso com qualidade.

Algo que quase a levou a franquia para o buraco.

Com o tempo, os beat ‘em ups começaram a perder o embalo, e Double Dragon parece nunca mais ter encontrado forças para ressurgir.

Ainda assim, a franquia teve bons momentos na história recente.

Como a coletânea Double Dragon Trilogy, que trazia os três primeiros jogos dos arcades.

Desenvolvida por nada menos que a DotEmu, a mesma empresa que mais tarde traria o incrível Streets of Rage 4.

Double Dragon Neon também brilhou (com o perdão do trocadilho), trazendo gráficos em 3D e mecânicas interessantes.

Continuam sendo ótimos jogos, mas nenhum deles conseguiu levar a franquia de volta ao topo.

Foi então que num daqueles momentos que pegam todo mundo de surpresa, a Arc System Works adquiriu algumas propriedades intelectuais da Technos Japan Games.

Neste “pacote” estavam Double Dragon e outros clássicos como River City / Kunio-kun.

A mesma Arc System Works, responsável pela ótima versão de Double Dragon para Master System, tornou-se dona da franquia!

Double Dragon mudou de dono, mas continuava em boas mãos.

Então, não muito tempo depois, a Arc System Works decidiu trazer Double Dragon IV.

Um jogo totalmente novo, porém todo feito aos moldes dos jogos da geração 8 bits, algo que decepcionou muita gente.

Double Dragon IV é muito divertido, mas também ainda não foi o retorno triunfal que os fãs tanto desejavam.

Após este episódio, a franquia voltou para a geladeira.

Tivemos até algumas aparições destes icônicos personagens no excelente River City Girls, mas não havia nem sinal de um novo Double Dragon.

E quando a esperança estava quase acabando, surgiu o anúncio de Double Dragon Gaiden: Rise of The Dragons!

Um jogo novinho em folha, uma nova tentativa de colocar a franquia nos eixos.

Os Dragões finalmente haviam acordado!


Double Dragon Gaiden: Rise Of The Dragons

A primeira coisa que precisamos observar é este “Gaiden” no título.

Uma palavra que indica que esta é uma história paralela ou spin-off.

Algo novo e diferente, com personagens conhecidos.

Outra coisa que chama a atenção, é que apesar de os direitos de Double Dragon pertencerem à Arc System Works, este jogo foi desenvolvido pelo estúdio Secret Base.

Não é comum ver uma franquia tão tradicional sendo colocada nas mãos de um estúdio que ainda não tem tantos jogos lançados.

Mesmo que esta franquia não esteja em seu melhor momento, como neste caso.

Considerando estes dois pontos, é possível entender que este é um jogo que nasceu para arriscar.

Mas quem é a Secret Base? Como eles conseguiram colocar as mãos em Double Dragon assim “do nada”?

Acontece que um desses poucos jogos lançados pela Secret Base é nada menos que “Streets of Red: Devil’s Dare Deluxe”.

Um beat ‘em up muito criativo, que tentou trazer algo novo para o gênero, mas infelizmente não se tornou tão conhecido quanto merece.

E aqui aproveito para falar de forma bem direta: este jogo é basicamente um “casamento” entre Streets of Red e Double Dragon.

Quem já jogou este outro título vai perceber rapidamente que ele tem muito mais que um estilo gráfico parecido.

Streets of Red é a base de Double Dragon Gaiden.

Grande parte de suas mecânicas e sistemas vieram de lá, ainda que muitas delas estejam em versões melhoradas.

E de um modo geral isso é ótimo, porque Streets of Red é repleto de ótimas ideias!

Ao mesmo tempo, por ser subestimado e pouco conhecido, torna todas essas mecânicas inéditas para a maioria dos jogadores.

Captura de tela de Double Dragon Gaiden

Peraí Bigode, então você está me dizendo que Double Dragon é na verdade Streets of Red 2?

Não, fique tranquilo.

Inclusive seria um desserviço chamá-lo dessa maneira.

Porque é justamente a combinação com Double Dragon que resulta num jogo totalmente novo.

Além disso, Double Dragon Gaiden não deixa de trazer novas ideias, tão boas quanto as do título que lhe serviu de base.

Acredite, isso não diminui em nada o mérito deste título.

Eles apenas tiveram a sacada de combinar ingredientes de um ótimo jogo pouco conhecido, com uma franquia clássica que precisava de um novo fôlego.

Em outras palavras, uma grande sacada que une o útil ao agradável.

Dito tudo isso, vamos ao que interessa.

Será que Double Dragon Gaiden é bom o suficiente para aquecer os corações dos fãs?


Sobre Esta Análise

Como estamos falando de um jogo do gênero beat ‘em up, utilizarei minha matéria “9 Ingredientes Para Criar Um Beat ‘Em Up Perfeito” como base, para uma análise mais objetiva.

Nesta publicação explico minha visão sobre cada um dos itens enumerados a seguir, detalhando a importância dos mesmos.

Não se preocupe, você entenderá tudo mesmo se não tiver lido a outra matéria.


1- Combate e Mecânicas

É uma alegria imensa começar dizendo que o combate de Double Dragon Gaiden é muito divertido!

Inicialmente tive a sensação que tudo estava lento demais, mas logo ficou claro que cadenciar o ritmo foi uma boa decisão.

Isso porque assim como em outros beat ‘em ups recentes, este jogo pega alguns elementos dos jogos de luta modernos.

Sendo assim, este ritmo é fundamental para tornar mais fácil e prazeroso o processo de descoberta e execução de combos.

Temos um botão de ataque, outro de pulo, um de especial, outro de corrida e um de esquiva, que resulta em movimentos diferentes, de acordo com cada personagem.

É perfeitamente possível jogar e se divertir usando somente os ataques normais e o botão de golpe especial, sem se preocupar em fazer grandes combos.

Mas a camada extra de complexidade está ali, escondida por baixo de tudo.

Aqueles que se desafiarem a aprender mais sobre os golpes, serão recompensados com a sensação de ser intocável, não parando até que todos os inimigos estejam no chão.

O botão de pegar itens não é o mesmo de ataque, o que é ótimo.

Mas esta função fica no botão de esquiva, e isso também pode induzir ao erro em algumas situações.

Uma decisão muito interessante foi colocar um botão de corrida, ao invés do clássico “dois toques para a frente”.

Esta é outra coisa que no começo parece estranha, mas após algumas partidas fica difícil imaginar que fosse diferente.

Fazer combos é algo praticamente opcional, mas aprender a usar o botão de especial é muito importante.

Abaixo da barra de vida, temos uma barra de especial.

A única maneira de conseguirmos itens de cura é nocauteando um grupo de inimigos, com um golpe especial.

Quando conseguimos este feito, surge uma mensagem estilosa de “Special K.O.” na tela.

Importante comentar que cada personagem tem diferentes golpes especiais, algo importante para que este desafio não fique monótono.

Me diverti muito decifrando esta mecânica e observando as nuances do sistema.

O próprio jogo não explica muita coisa e isso é ótimo, porque o mais legal foi aprender jogando.

É ótimo ver que todas as decisões de design funcionam.

Outro ponto muito positivo é que cada um dos personagens traz uma experiência diferente de jogo.

Isso além de mostrar o enorme carinho colocado no jogo, multiplica as possibilidades durante as partidas.

Por fim, no departamento de novidades, dessa vez cada jogador controlará uma dupla de personagens!

Não simultaneamente, mas podendo alternar entre eles inclusive durante os combos, ao melhor estilo Marvel vs. Capcom.

Pode apostar, a busca por sua dupla favorita acrescentará boas horas de diversão.

Ser diferente é o ponto mais forte da jogabilidade.

Os desenvolvedores conseguiram criar um conjunto de mecânicas que conferem personalidade a este título.

Jogar Double Dragon Gaiden é divertido por si só, e esta é a melhor coisa que pode acontecer a um beat ‘em up.

1.2- Hitbox

As hitboxes estão funcionando muito bem.

A única observação aqui é que algumas vezes ocorrem falhas quando atacamos objetos quebráveis dos cenários.

Mas é algo que ocorre somente com alguns personagens e possivelmente será ajustado nas atualizações.

O que mais importa é que as hitboxes funcionam muito bem durante os combates, com todos os personagens e inimigos.


2- Impacto Das Pancadas

É uma alegria poder dizer que a sensação de impacto está presente em Double Dragon Gaiden!

Quebrar a cara dos inimigos é algo muito satisfatório.

Esta combinação entre uma jogabilidade bem ajustada e a satisfação de quebrar os inimigos é viciante.

Por diversas vezes me peguei pensando: “só mais uma fase e já desligo”.


3- Variedade de Cenários e Inimigos

Aqui temos outra ideia muito interessante.

Ao melhor estilo Mega Man, podemos escolher as fases na sequência em que acharmos melhor.

A diferença é que a sequência escolhida trará grandes consequências no desenrolar do jogo.

Isso porque cada uma das fases principais possui uma determinada quantidade de trechos, porém nem todos serão jogáveis numa mesma partida.

E as fases ficam gradativamente mais longas, de acordo com a ordem em que as escolhemos.

Significa que a fase que você escolher primeiro será uma versão mais “fácil” e simplificada, com menos trechos.

E só verá a versão completa de uma fase ao escolhê-la em último ou penúltimo lugar.

O mesmo vale para os chefes das fases, os donos de cada área.

Eles vão ficando cada vez mais difíceis e completos, de forma que só veremos a versão final de cada um deles ao escolhermos sua fase por último.

Ou seja, para conhecer tudo o que o jogo tem a oferecer, é necessário terminá-lo algumas vezes.

Ao meu ver foi uma maneira muito inteligente de usar o conteúdo, uma vez que o jogo não possui tantas fases.

Os inimigos também chegam em boa variedade.

Possuem visuais e padrões bem distintos, criando situações que desafiam o jogador.

As fases e cenários também fazem bonito.

Temos fases internas e externas, cenários com rampas e diferentes níveis.

E um uso interessante de corredores, que servem para fazer a transição entre uma “arena” e outra.

Há uma boa variedade de armadilhas, capazes de atingir nossos personagens e também os inimigos.

Existem até mesmo pequenos trechos que testarão as habilidades de pulo em plataformas.

Estes devem agradar a uns e desagradar a outros, como tem sido padrão na franquia.

No fim das contas, tudo isso colabora para que o jogo não se torne enjoativo.

Double Dragon Gaiden é construído para ser jogado várias vezes.

A maneira como o conteúdo é disponibilizado, faz com que ele aparente ser um jogo bem maior do que de fato é.


4- Desenvolvimento Dos Personagens

Aqui temos um conjunto de personagens clássicos, que dispensam maiores apresentações.

Para quem já conhece Double Dragon, temos rostos familiares do lado dos mocinhos e dos vilões.

Mas seria legal se tivessem criado uma galeria com biografias, ou mesmo arrumado espaço para fichas de personagens na tela de seleção.

Algo simples, que daria um toque de capricho e facilitaria aos novos jogadores conhecerem estas figuras tão clássicas.

O curioso é que me lembro de ter visto biografias dos personagens no material de promoção, bastaria transportá-los para dentro do jogo.

A história pós-apocalíptica é básica, e não se aprofunda a ponto de desenvolver os personagens individualmente.

Felizmente isso é algo que não chega a incomodar num jogo do gênero.

Por outro lado, do ponto de vista de estilo, todos os personagens e inimigos são muito caprichados.

Todos têm sprites bem desenhados e movimentos característicos, que transmitem boa parte de sua personalidade.

A escolha de personagens e chefes foi muito boa, uma verdadeira celebração ao universo da franquia.


5- Ambientação

Double Dragon Gaiden tem algumas inconsistências em sua ambientação.

Os gráficos simpáticos e coloridos não ajudam a criar o ambiente pós-apocalíptico mostrado em sua história de fundo.

Tudo parece alegre e bonitinho demais.

Eu sei, é uma história paralela e um jogo que não tem nada a ver com os clássicos.

E também não é novidade ver um clima mais leve num Double Dragon.

Mas não há como deixar de imaginar como este jogo seria se tivesse aquele mesmo clima de desolação dos dois primeiros títulos da franquia.

Ainda assim, os cenários são muito bem concebidos e dão conta de criar uma boa ambientação de briga de rua.

Passamos por fábricas, cassinos e outros locais familiares aos fãs de beat ‘em ups.

Como disse, um clima mais tenso e sério casaria melhor com estes cenários.

De qualquer forma não há como dizer que a ambientação é ruim, apenas inconsistente.


6- Trilha Sonora

A trilha sonora é simplesmente magnífica!

Sério, todas as músicas são incríveis, sem nenhuma exceção!

Alguns temas soam “alegres” demais e colaboram para deixar a ambientação leve, o que poderá ser considerado como algo negativo por algumas pessoas.

Por outro lado, as músicas certamente ajudam a tornar o jogo viciante.

A trilha cumpre muito bem a função de impactar, sem se tornar enjoativa.

Além de em alguns momentos bater forte na nostalgia.

O mesmo vale para os ótimos efeitos sonoros.


7- Conteúdo

Como destaquei anteriormente, não temos muitas fases, porém cada uma delas possui boa duração.

As diferentes rotas, as diferentes combinações de personagens e a experiência única que temos de jogar com cada um deles.

Tudo é desenhado para que o jogador queira jogar novamente por várias vezes, pelo menos até desbloquear todos os extras.

Há uma customização do nível de dificuldade e recompensas, que pode tornar este loop mais rápido ou mais lento.

Porém, considerando o nível de dificuldade padrão, a duração é suficiente.

Não dá para dizer que é um jogo curto, mas certamente ninguém reclamaria se ele fosse um pouco mais longo.

A quantidade de desbloqueáveis é bem interessante, algo raro nos dias de hoje!

Temos personagens, artes, músicas e a parte mais estranha que é a de dicas.

Desbloqueamos páginas com dicas mais específicas sobre as mecânicas de jogo, que vão além do tutorial básico que existe no menu inicial.

O estranho é que quando o jogador tiver fichas suficientes para desbloquear as dicas, provavelmente já terá aprendido tudo o que é explicado ali.

De qualquer forma, quem quiser desbloquear tudo terá motivos para jogar por um bom tempo.

O toque de roguelike traz alterações interessantes a cada partida, mas não chega a ser algo tão profundo.

Não me aprofundarei nestes sistemas, porque aprender sobre eles na prática também é parte da diversão.

Muito do desejo de ver um número maior de fases vem do fato de que o jogo é divertido, e deixa aquela sensação de quero mais.

Mas o que realmente faz falta aqui são outros modos de jogo.

O modo história é ótimo, mas a presença de modos alternativos cairia como uma luva.

Com desenvolvedores tão criativos, seria legal ver que modos de jogo eles seriam capazes de inventar.


8- Multiplayer

Começo informando que não há multiplayer online em Double Dragon Gaiden.

E ainda que exista a possibilidade de jogar no multiplayer local, esta análise foi feita exclusivamente com base no modo single player.

Entretanto, é importante comentar algumas coisas sobre o multiplayer.

Começando pelo fato de que ele é apenas cooperativo, não existem modos que coloquem um jogador contra o outro.

Outro ponto interessante é que cada jogador escolhe sua própria dupla, algo que deixará a bagunça ainda mais divertida.

Um detalhe aqui é que os dois jogadores podem escolher personagens repetidos, algo que evitará algumas discussões.

Porém, os personagens escolhidos serão idênticos!

Não existe nenhum tipo de distinção visual, como por exemplo uma paleta de cores diferente para os jogadores 1 e 2.

É o tipo de coisa que pode causar confusão no calor das partidas.

Um detalhe que pode ser considerado como falha de acabamento, mas não é o suficiente para arruinar a experiência em si.

Afinal, mais vale termos a opção de selecionar personagens iguais.

Mesmo não tendo testado mais profundamente o modo para dois jogadores, vi o suficiente para comprovar que é muito divertido.

Especula-se que haverá um modo multiplayer online no futuro.

Mas como não sabemos se este virá, e muito menos se funcionará direito, o melhor é não contar com isso.


9- Respeito Aos Clássicos

Finalmente chegamos àquele que parece ser o ponto mais polêmico deste jogo.

Seu visual é o que mais tem causado polêmica entre os fãs dos jogos clássicos.

Double Dragon Gaiden aposta numa pixel art bonita e caprichada, mas com um estilo bem diferente de tudo que foi visto na franquia.

Entretanto, é importante observar que não há nenhum tipo de desrespeito aos jogos clássicos.

É perfeitamente compreensível que alguém não simpatize com este visual.

Mas os gráficos são bonitos, e seria um certo exagero dizer que eles estragam ou invalidam tudo neste jogo.

Em momento algum senti que a história de Double Dragon foi desprezada, ou que deixaram de pensar nos fãs que estão com a franquia desde o começo.

Tudo parece ter sido feito com a intenção de criar algo legal para todos nós, mesmo com esta abordagem diferente.

Como contextualizei lá no início desta análise, o caso de Double Dragon é mais delicado devido ao momento e às expectativas.

Os fãs anseiam pela sequência ideal, ao estilo dos dois primeiros jogos, então muita gente ainda torcerá o nariz.

Por outro lado, já vimos tantos visuais diferentes nesta franquia que fica difícil eleger qual é o “oficial”.

É aquele dos dois primeiros jogos? O de Super Double Dragon, ou do Double Dragon Neon?

Pessoalmente achei os gráficos bem bonitos e as animações excelentes.

Ao mesmo tempo, devo confessar que na minha opinião o estilo não combinou tão bem com Double Dragon.

Mesmo assim, não deixaria de jogá-lo por causa disso, a experiência continua valendo a pena.

De qualquer forma Double Dragon foi respeitado aqui, e o estilo visual é bem feito o suficiente para ser considerado pelo menos como uma tentativa válida e honesta.

Sem dúvidas os desenvolvedores levaram em consideração o carinho que todo mundo tem pela história desta franquia.

E convenhamos, carregar o nome Double Dragon não é nada fácil.


O Retorno De Uma Lenda?

Double Dragon Gaiden não é um jogo perfeito.

Ele tem algumas arestas não aparadas, em alguns pontos falta aquele toque final, um acabamento mais caprichado.

Todos queríamos que ele fosse uma superprodução, do jeito que a franquia e seus fãs merecem.

Entretanto, mesmo não sendo o retorno que todos imaginávamos, ele pode ter sido o retorno que a franquia precisava.

A barra subiu muito com Streets of Rage 4 e TMNT Shredder’s Revenge, mas Double Dragon faz bonito.

Não há como negar que é um jogo divertido.

Já o considero um dos melhores do gênero, e mesmo com seus defeitos o colocaria na mesma prateleira destes “clássicos modernizados”.

É muito bom ver a franquia de volta, ainda que num episódio paralelo.

Confesso que mesmo tendo sentido muita vontade de jogar este título desde que o vi pela primeira vez, fiquei apreensivo quando coloquei as mãos nele.

Havia muito em jogo por aqui (com o perdão do trocadilho mais uma vez)!

E foi um alívio descobrir que ele trouxe algo sincero.

Existem boas chances de que este seja o sopro de ar fresco que a série precisava.

Logo após seu lançamento tivemos anúncios de novas coletâneas com as versões clássicas, algo que também deverá favorecer este momento.

O fato é que temos aqui um excelente beat ‘em up, que também reafirma o bom momento que todo o gênero está vivendo.

E mesmo deixando os fãs antigos decepcionados em alguns aspectos, ele prova que mesmo após tanto tempo, o nome Double Dragon ainda é capaz de causar comoção.


Vale A Pena?

É difícil falar sobre Double Dragon sem sentir nostalgia.

Quando olho para este jogo, penso que ele com certeza teria causado empolgação entre os colegas que jogavam comigo no passado.

O próprio fato de presenciar o lançamento de um novo título da franquia já é marcante por si só, algo que mexe com meus sentimentos.

Entretanto, Double Dragon Gaiden não se conforma apenas em carregar o nome da franquia.

É um jogo ousado, que teve sucesso em trazer ingredientes realmente novos.

Além de uma jogabilidade muito divertida e diferenciada.

Algumas de suas falhas me causam a impressão de que tenha sofrido com restrições de tempo e/ou recursos financeiros.

E que mesmo com estas restrições, os desenvolvedores tiveram muita clareza sobre onde concentrar esforços.

Vejo que a soma de suas qualidades ultrapassa em muito seus defeitos.

Na lista de pontos a favor, consta ainda o fato de que ele chegou localizado em Português do Brasil!

O único ponto que realmente pesa contra é seu preço.

Em vista do que o jogo oferece e da concorrência atual, o preço parece um pouco salgado.

Se não tiver pressa de jogar, ou não for um grande fã do gênero, o mais indicado é esperar por uma promoção.

Etiquetas de preço à parte, esta é uma excelente adição ao gênero, e um ótimo retorno dos irmãos Billy e Jimmy.


VEREDITO

Sinal Amarelo

Ainda que seja um excelente jogo, o indicado para a maioria das pessoas é esperar por uma promoção.

Infelizmente o preço impacta bastante a relação de custo e benefício, deixando a sensação de que como produto, este jogo deveria entregar mais em termos de quantidade.

Em termos de qualidade está tudo certo por aqui, e com uma boa promoção se tornará indispensável em qualquer biblioteca.

Recomendado sem restrições apenas para fãs assíduos do gênero, ou para pessoas que possam desfrutar do bom e velho multiplayer local.


3 comentários em “Double Dragon Gaiden: Rise Of The Dragons | Análise / Review”

  1. Vou deixar a minha opinião sobre o artigo e o jogo, mas antes, aproveito para opinar sobre o sistema novo de notas. Gostei principalmente do “sinal” no final. Foi uma ótima síntese do que foi dito no artigo, embora pareça que ressalte os pontos negativos -e olha que você elogiou bastante o jogo. Se alguém pula direto pro final, pode dar uma imagem errada da sua opinião sobre o jogo. De resto, eu gostei. Pode parecer longo as vezes, mas se ignoramos os números, é o tamanho médio de uma review.

    Sobre o jogo. Eu tenho mais nostalgia com o filme do Mark Dacascos do que com os jogos clássicos, porque na época eu pulei todos e só fui jogar bem mais tarde, já adulto. Digo isso para marcar que sinto zero nostalgia pela saga, e posso olhar para esse último Gaiden de forma mais imparcial. Para mim, a ambientação não é problemática por ser colorida, e sim por ir em contraste com o jogo em si. Algo parecido ao que aconteceu no SoR4, já citado aqui também: Os cenários são lindos, sim, mas ainda tem um ponto de estranheza quando você lembra que uma hora briga com gangues e policiais corruptos, e meia hora depois, contra uma aranhã robô gigante e um DJ que controla as pessoas com ondas musicais. Double Dragon podia ter mantido o look colorido e apocalíptico em um contraste bacana, como muitos outros jogos, filmes, etc, fizeram. Acho que o erro está no tom. Um exemplo disso é nos jogos da saga Advance Wars, lá atrás na época do DS. Até o Dual Strike era um jogo de guerra com temática lúdica e ninguém via problema nisso por como o jogo apresentava os elementos, mas o último, Days of Ruin, fez uma mudança temática séria e isso causou estranheza nos jogadores. Combinava apocalipse com tom sério e cinza? Sim. Combinava com a saga? De jeito de nenhum.

    Logo Double Dragon, que teve tantos visuais diferentes ao longo dos anos, tinha a mão perfeita para introduzir mais um cenário original sem alienar os fãs.

    No resto, teve muitas coisas que eu adorei, em particular a mecânica de jogar as fases em ordem diferente. Isso traz um fator replay absurdo e uma pá de detalhes para quem quer ir descobrindo. Outras escolhas, como o sistema de dicas e o problema das cores com personagens iguais, escapam totalmente da minha cabeça. Quem achou que era uma boa ideia deixar 2 jogadores com personagens visualmente iguais, em um beat em up?

    1. Fala Greg!

      Muito obrigado pelo comentário e por compartilhar sua opinião sobre a análise e o jogo!

      Bem interessante seu ponto de vista sobre SoR4 e o tom do jogo.

      É engraçado como o filme é um fenômeno estranho na história de Double Dragon.
      Os fãs mais clássicos detestam ele, mas quem pouco jogou o Double Dragon clássico e via o filme na sessão da tarde o adora!

      Double Dragon é uma franquia repleta de altos e baixos.
      É muito difícil pegar uma propriedade que oscilou tanto ao longo do tempo e fazer algo que acerte em cheio.

      Sinto que este jogo foi feito com ótimas intenções, e que os erros que ele cometeu foram totalmente honestos.
      Os caras fizeram o melhor possível, e o resultado foi um beat ‘em up muito gostoso de jogar.

      Como disse na análise, penso que os acertos dele superam em muito seus erros.
      Tem muita coisa boa a ser vista neste jogo.

      Acho que neste novo “sinal de vida”, vale a pena apoiarmos a franquia.
      Pessoalmente, só o fato de termos recebido tantos beat ‘em ups bons nos últimos anos já me deixa muito feliz!

      1. Sem dúvidas os acertos dele superam os erros. O que me incomoda é que os erros foram super simples, e nas partes complicadas eles acertou a mão. Botar uma paleta de cores diferentes para o jogador 2 era coisa rápida de se consertar, não acha? Parece aquelas provas que o aluno acerta todas as perguntas difíceis, mas erra no nome e na data.

        Principalmente em um mundo pós Streets of Rage 4 e Shredder’s Revenge, o Double Dragon Gaiden ser um beat ‘em up competente tem muito mérito. Acho que nem é questão de esperar os próximos jogos da saga, e de sim ver se a empresa corrige essas duas bobagens em futuros updates. Não duvido nada que eles já tenham recebido o feedback e estejam trabalhando nisso.

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