Resident Evil 4 Remake Vale a Pena?

Será que o projeto Resident Evil 4 Remake foi um sucesso?
Ou será que deixou a desejar, como o de Resident Evil 3?


Começarei confessando uma coisa: Resident Evil 4 nunca esteve entre meus títulos favoritos da franquia.

Não pela polêmica que ele causou, transformando Resident Evil num jogo de ação.

Também não foi nenhum tipo de birra por ter demorado a chegar no Playstation 2, após o período de exclusividade no Gamecube.

Na realidade eu nem ligava pra isso, e mesmo não sendo um de meus favoritos, me diverti bastante com ele na época.

Mas depois de terminá-lo duas vezes e curtir um pouco os modos adicionais, pouco encostei em Resident Evil de 2005.

E olha que oportunidades não faltaram, afinal ele foi um dos jogos mais portados e adaptados de todos os tempos.

Ganhou versão até para o Zeebo!

Diante disso tudo, quando coloquei minhas mãos no remake, posso dizer que minhas memórias não estavam tão vivas.

Pelo menos não a ponto de conseguir comparar todos os detalhes entre original e remake.

Carregava comigo apenas vontade e a curiosidade de voltar àquele vilarejo esquisito.


A Nova Onda de Remakes

O remake de Resident Evil 2 foi tão bom que fez todo mundo querer mais.

Mas é interessante lembrar que ele não foi o primeiro remake que tivemos na franquia.

Quem começou com isso foi o próprio Resident Evil 1, lá em 2002.

O jogo que originou a franquia ainda tinha 6 anos quando a CAPCOM lançou sua nova versão.

Ali foi inaugurado também um período de exclusividade da franquia com o Nintendo Gamecube.

Quem poderia imaginar que haveria uma nova versão daquele jogo, que ainda estava fazendo sucesso?

Mas valeu a pena, era um belíssimo jogo.

Por ter sido feito antes de Resident Evil 4, ainda utilizava os mesmos conceitos de progressão, jogabilidade e câmeras fixas.

Além dessa fidelidade, expandiu o jogo mantendo a qualidade, sendo considerado por muitos o remake perfeito.

Em 2015 este remake ganhou um remaster, que pode ser facilmente encontrado até hoje.

Mas na época quem não tinha um Gamecube (meu caso) passou muita vontade de jogá-lo.

Continua sendo excelente e funcionando muito bem, algo que atesta sua extrema qualidade.

Aí sim, depois de muito tempo (em 2019), recebemos com grande alegria o maravilhoso remake de Resident Evil 2, mencionado anteriormente.

Outro jogo lindo e bem feito, mas diferente do primeiro remake, este aqui fez algumas adaptações.

Numa realidade onde já existia até mesmo Resident Evil em primeira pessoa, a CAPCOM não quis arriscar lançando um jogo com câmera fixa.

No fim das contas funcionou, agradando à maioria dos fãs da franquia, de todas as gerações.

Ninguém poderia desconfiar que ali começaria uma “era de remakes”, mas logo chegou o remake de Resident Evil 3.

Mas entre cortes de partes importantes do jogo original e adaptações mal feitas, acabou não agradando tanto quanto seu antecessor.

Ainda que Resident Evil 3 fosse um dos jogos mais queridos da franquia, o resultado ficou muito abaixo do esperado.

E aqui estamos em 2023, ano em que chegou o remake de Resident Evil 4.

Coloquei todo este contexto para que possamos relembrar a posição curiosa em este remake se encontra.

Resident Evil 4 original já tem seus 18 anos, idade suficiente para tirar CNH.

Mas continua funcionando muito bem e ainda pode ser facilmente encontrado nas plataformas mais recentes.

Também é o jogo que introduziu os conceitos modernos da franquia, puxando para o lado da ação.

Novamente a CAPCOM assumiu os riscos de mexer com as memórias de um de seus jogos mais queridos.

Haveria sim um grande salto de tecnologia.

Mas será que um remake já se fazia necessário? Será que eles alterariam radicalmente o jogo?

Muitas dúvidas pairaram sobre nossas cabeças, num remake que independente de ser ou não necessário, certamente seria muito bem-vindo.


Minha Experiência com Resident Evil 4

A primeira coisa que me impressionou em Resident Evil 4 foi exatamente a mesma que em Resident Evil 2 remake.

Aquela consciência que tiveram ao reproduzir os cenários, a atmosfera de cada local.

Resident Evil 4 continua sendo um jogo bonito, mas ainda assim as versões modernizadas dos cenários são melhores do que eu poderia imaginar.

Sabe quando você foi a algum lugar impressionante quando era criança e voltou lá depois de adulto?

Sabe quando você foi a algum lugar impressionante quando era criança e voltou lá depois de adulto?

Você percebe mais detalhes, fica encantado revivendo aquilo que estava apenas em sua memória, detecta coisas que não existiam na época.

A sensação aqui é bem parecida com esta.

Logo em seguida, o que me encantou foi a jogabilidade.

Quem lembra da época em que comemoramos porque o personagem finalmente ganhou a capacidade de andar e mirar ao mesmo tempo?

De lá para cá a movimentação melhorou muito, e em Resident Evil 4 ela chegou ao seu ponto mais alto.

Os controles são precisos, o “peso” do personagem é excelente, o feedback de cada arma.

Tudo simplesmente funciona!

A maior novidade fica por conta do botão de parry /esquiva proporcionado por nossa fiel (e frágil?) faca.

A progressão mantém a tradição de um Resident Evil de ação.

O jogo vai te colocar numa enrascada, você se livrará dela e terá um espaço de recuperação, em seguida entrará numa enrascada maior ainda.

O padrão vai se repetindo e a barra de desafio vai subindo, enquanto a história se desenrola.

E digo isso não de maneira negativa, pelo contrário, também é algo que funciona muito bem!

O fato de a história ser muito bem contada favorece tudo isso.

Os trechos de ação são empolgantes, daqueles que nos fazem ficar na beirada da cadeira.

Muitas vezes você se sentirá um sniper, prendendo a respiração pra não errar aquele tiro que vai definir seu sucesso ou fracasso.

Aqui novamente destaco a importância da jogabilidade refinada.

O personagem está totalmente em suas mãos, só depende de você superar os desafios.

Por mais que o jogo apronte poucas e boas com a gente, em momento algum senti que estava sendo trapaceado, ou que perdi porque algo não funcionou.

Tudo é muito bem amarrado, diversos sistemas trabalhando em conjunto para colocar o jogador no centro da ação, como deve ser.

Como disse anteriormente, não tenho a memória tão fresca para comparar todos os detalhes entre original e remake, mas posso afirmar que em termos de duração ele também não decepciona.

Não senti falta de nada, pela minha percepção nada foi subtraído (como aconteceu com Resident Evil 3).

Acho até que adicionaram coisas.

Dessa vez a CAPCOM aprendeu a lição, investiu tudo no jogo principal e entregou um pacotão de conteúdo, que manterá os fãs entretidos por um bom tempo.

Aliás, uma das sensações que estão vivas em minha mente é que Resident Evil 4 original era uma jornada.

Aquela coisa de você chegar no final e ficar lembrando qual foi seu ponto de partida.

E posso assegurar que tive esta mesma sensação no remake.

O departamento sonoro é um show à parte, como já virou hábito na franquia.

A balística e o sistema de danos em inimigos também impressionam, como vem acontecendo desde Resident Evil 2 remake.

Os tiros e explosões causam danos de forma dinâmica, produzindo efeitos visuais impressionantes e sendo fundamentais para a parte estratégica do jogo.

Este dinamismo e a variedade de estratégias possibilitadas pelos cenários asseguram que você continue se divertindo.

Você pode jogar várias vezes um mesmo trecho, e cada vez a situação se desenrolará de maneiras diferentes.

A variedade de inimigos também colabora para que, mesmo com a linearidade característica da franquia, ele não se torne enjoativo.

Resumindo, em Resident Evil 4 tudo foi refinado, melhorando o que já era excelente.

Por fim, é importante destacar que a dificuldade de Resident Evil 4 está acima da média da franquia.

As capacidades de reação, adaptação e coordenação do jogador serão colocadas à prova.

E isso deve acertar em cheio quem gosta de um bom Resident Evil de ação.

Entre a fidelidade ao original, as melhorias, adaptações e surpresas, é o máximo que ouso falar.

Para não correr o risco de dar spoilers e estragar sua experiência.


E a Ashley?

Quem jogou a versão clássica sabe que a Ashley tem um papel importante por aqui.

Querida e detestada quase na mesma medida, vem dividindo opiniões ao longo de todos estes anos.

Ashley Graham em Resident Evil 4 Remake

Posso dizer que gostei muito do “remake da Ashley”.

A parte visual ficou muito bem feita, ajudando a transmitir sua personalidade com maior riqueza de detalhes.

Cumpre muito bem o propósito de fazer o jogador se sentir responsável por outra vida, de criar um senso de companheirismo e parceria.

De modo geral só consegui enxergar melhorias nela e em seus sistemas de interação.


A Localização em Português do Brasil

Resident Evil 4 é apenas o segundo jogo totalmente localizado em Português.

Tudo começou com legendas em Resident Evil 6, até finalmente termos dublagem em Resident Evil Village.

A Capcom não colocou dublagem só para fazer média, o trabalho foi realmente muito bem feito!

Foi uma experiência incrível jogar Village escutando os personagens em nosso idioma.

Mas em Resident Evil 4 até isso trouxe uma alegria diferente.

Acontece que em Village a maioria dos personagens eram novos, e aqui estamos falando de alguns dos personagens mais clássicos e queridos da franquia.

Todo mundo queria saber como estariam as vozes de Leon e Ashley.

É uma alegria poder dizer que o trabalho ficou excelente.

Tão bom que possivelmente tenha sido melhor que a dublagem original!

Se você acompanhou as notícias, talvez tenha visto que houve uma polêmica relacionada à dublagem original da Ada Wong.

Algo que resultou num episódio lamentável, onde pessoas atacaram a dubladora em suas redes sociais.

Já aqui com a nossa Ada Wong BR e com todos os outros personagens está tudo muito bem, obrigado.

Por mais que eu goste de conhecer a dublagem original, sou muito fã do trabalho de dublagem Brasileiro.

Quem poderia imaginar que um dia jogaríamos Resident Evil sem precisar entender Inglês?

E ainda por cima com um trabalho de primeira.


Este Jogo Contém Cenas De Violência Explícita e Gore.

O remake de Resident Evil 4 não decepcionou.

Ainda que penda muito mais para a ação, colocou muito bem o elemento de terror.

Até mesmo aquele toque de bizarrice foi bem utilizado e em alguns casos amenizado.

Os desenvolvedores conseguiram criar uma ótima ambientação, desta vez sem nenhuma amarra ou grande limitação técnica.

Por gosto pessoal, sempre achei que a primeira metade do jogo é muito mais legal.

Continuei achando isso no remake, ainda que o jogo como um todo esteja bem acima da média.

Resident Evil 4 é divertido principalmente por sua jogabilidade, e isso é mantido do início ao fim.

Fiquei muito feliz com a movimentação do personagem.

A única coisa que não consegui fazer foi atirar com o personagem agachado, algo que fica só como curiosidade porque no desenrolar da ação não faz diferença alguma.

Se tivesse que dizer algo que achei péssimo neste jogo, seriam os trajes adicionais.

Achei ridículos, novamente por gosto pessoal.

Mas para encontrar pontos fracos neste jogo é necessário se esforçar bastante, e ainda assim serão apenas detalhes.

Como por exemplo a controvérsia de que no remake não existem mais as reações engraçadas que ocorriam quando Leon espiava a Ashley subindo as escadas.

Os personagens são muito bem trabalhados e não acho que isso incomode a nível de ser um ponto contra.

Mas ao mesmo tempo não consigo entender se existe lógica em remover esse tipo de coisa num jogo em que corpos são explodidos com riqueza de detalhes.

É algo simples, que mesmo não interferindo na qualidade final pouparia desgastes desnecessários com os fãs mais apaixonados.

Num produto feito exclusivamente para o público adulto, é estranho que a violência choque menos do que a sensualidade.

Mas isso é outro assunto, para outra discussão.

Finalizando a lista de polêmicas, a versão PC é protegida pelo DRM Denuvo, algo que pode ser um ponto contra para muita gente.

Alguns dizem que é um mal necessário, outros dizem que é o DRM que prejudica apenas quem pagou pelo jogo.

Esta é outra discussão que deixo para outra hora.

O fato é que este é um dos melhores e mais divertidos jogos da franquia.


Vale a Pena?

Resident Evil 4 remake foi uma ótima surpresa.

Conseguiu superar as expectativas e ser fiel ao jogo original sem deixar de criar uma identidade própria, adicionar coisas novas.

É interessante como um remake pode ser algo tão parecido e tão diferente ao mesmo tempo.

E como a versão atualizada consegue ser tão boa, sem tornar o Resident Evil 4 original obsoleto.

Fica impossível ignorar o preço dos jogos atualmente, mas entre a quantidade e qualidade do que foi apresentado aqui, fica difícil dizer que não se justifica.

E isso considerando somente o jogo principal.

Porque temos ainda o modo extra “Os Mercenários”, que é sempre um meio divertido de testar os limites das mecânicas do jogo.

Pessoalmente gostei mais do remake, na minha lista ele ultrapassou o original e vale muito a pena.

Ainda que não tenha superado Resident Evil 2 no meu ranking pessoal, passou a ser um de meus jogos favoritos da franquia.

Resident Evil 4 é a prova definitiva de que a CAPCOM sabe o que os fãs querem, e possui plenas condições de entregar.

Torço para que usem tudo o que já está pronto aqui como base para um jogo inédito, não somente em remakes.


NOTA FINAL

94/100


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