Uma história sobre meu primeiro contato com a franquia Resident Evil.
Com a proximidade do lançamento de Resident Evil 4 Remake e tanta gente falando sobre ele, comecei a recordar o tumulto que o lançamento do Resident Evil 4 original causou lá em 2005.
A mente viajou e voltei ainda mais no tempo, lembrando sobre a primeira vez que tive contato com a franquia.
Foi logo quando eu e meu irmão ganhamos o Playstation 1, no fim do distante ano de 1997.
Quando o Playstation Chegou em Minha Casa
Me lembro que meu Playstation veio apenas com FIFA 98 e com o famoso “Sampler Disc – Vol 4”, um CD que trazia uma coletânea com demonstrações dos próximos lançamentos.
Nos divertimos muito com estes CDs!
A introdução de FIFA 98 com Song 2 do Blur era incrível, o jogo era divertido e nesta edição ainda havia a modalidade futebol de salão!
O disco de demonstrações também era muito bom, tinha Parappa The Rapper, Croc, Porsche Challenge e outros.
Depois ainda descobri que haviam outros jogos escondidos, como a demo de Fighting Force!
Joguei muito aquelas demonstrações, que eram bem curtas, mas naquele momento fizeram a minha alegria.
Nós havíamos acabado de ganhar o videogame, o que significava que ficaríamos um bom tempo sem ganhar um jogo novo.
Essa era uma parte chata de ser tão novo.
Eu tinha tempo para jogar, mas era novo demais para trabalhar e comprar os jogos que quisesse.
Felizmente naquela época ainda havia a cultura de emprestar e trocar jogos, um costume que vinha da geração 16 bits ou até antes.
E foi assim que a sorte sorriu para nós.
Resident Evil – O Primeiro Contato
Me lembro que era uma tarde de sábado quando uma amiga aqui da vizinhança veio visitar minha mãe, trazendo com ela seu filho.
Este garoto era conhecido do meu irmão e logo se reuniu ali comigo e com ele, que estávamos jogando umas partidas.
Ele era muito legal, nos contou que também tinha um Playstation e prontamente disse que ia nos emprestar alguns jogos.
Como ele tinha o console a mais tempo, já possuía vários jogos e não ia querer nenhum dos nossos dois CDs emprestados.
Pelo contrário, ele disse que fazia questão que a gente conhecesse um jogo em específico, um tal de Resident Evil.
Ele ainda comentou: “É caras, um jogo em que controlamos soldados numa mansão cheia de zumbis”.
Ele ainda comentou: “É caras, um jogo em que controlamos soldados numa mansão cheia de zumbis”.
Com uma velocidade impressionante ele foi até a casa dele e voltou com três jogos.
Não consigo nem lembrar quais eram os dois outros jogos, porque só tivemos olhos para Resident Evil.
Nosso amigo gentilmente ainda pediu para nos apresentar o jogo, como se estivesse prestes a demonstrar algo revolucionário para uma plateia.
E sinceramente, quem era criança na época do Playstation sabe que isso não era nenhum exagero, ele estava mesmo prestes a apresentar algo que bagunçaria com a nossa cabeça.
Ele sabia disso porque com certeza foi algo que já havia bagunçado a dele antes.
O jogo começou e logo de cara havia aquela maravilhosa introdução em live action, com toda aquela qualidade de áudio e vídeo que só os poderosos CDs eram capazes de proporcionar.
Muita gente zomba daquela introdução, mas para nós, naquele momento, era algo mais impressionante que qualquer superprodução dos cinemas.
Logo em seguida ele iniciou o jogo e começou a nos explicar como tudo funcionava.
Nosso amigo logo entrou na sala do primeiro puzzle, aquele onde arrastamos a estátua.
Estávamos maravilhados, acredito que eu mais do que todos ali naquela sala.
Mas coincidindo com aquele momento, a mãe do nosso amigo estava de saída e ele também precisaria ir.
Antes de sair ele disse para jogarmos tranquilos, pois não tinha pressa em pegar os CDs de volta.
Ele se despediu de nós e disse:
“Não deu tempo de mostrar, mas nessa mesma caixa tem outro CD com a demonstração da sequência desse jogo. Olhem lá depois, vocês vão curtir!”
Até o fim da tarde não prestamos atenção naquele outro disco, era só mais uma demonstração e já havíamos jogado muitas demonstrações em nosso sampler disc.
Naquele momento a prioridade era o jogo completo de Resident Evil, estávamos encantados com ele.
Tudo era novo, a movimentação em 3D era totalmente diferente do que havíamos visto nos jogos 16 bits, o som era macabro, o clima tenebroso.
Em determinado momento comentei com meu irmão: “Cara, será que nesse jogo eles saem da mansão e vão pra rua? Seria muito legal!”
Era uma sobrecarga de informações e ficamos ali até a hora do jantar.
Logicamente jantamos pensando na sessão noturna de jogatina.
Quando a sessão noturna começou, decidimos finalmente testar aquele disco de Resident Evil 2.
Resident Evil 2 – A Demonstração
Outra coisa legal que acontecia na época, mas essa não sei se era específica aqui da região, é que as pessoas eram muito mais próximas umas das outras.
Na vizinhança todas as famílias se conheciam, e algumas delas acabavam se tornando uma verdadeira extensão de nossas próprias famílias.
Havia aqui na vizinhança um amigo meu e do meu irmão que também era praticamente nosso irmão.
Uma amizade que vinha de muito tempo, crescemos todos juntos.
Naquela ocasião ele iria dormir aqui em nossa casa, participar de nossas partidas noturnas.
Mal ele chegou e também o apresentamos a Resident Evil, com muita empolgação.
Naturalmente ele também ficou fascinado e passamos um bom tempo ali, explorando aquela mansão tenebrosa.
E entendendo como tudo funcionava, afinal o jogo era em Inglês e ninguém ali conhecia o idioma.
Até que finalmente decidimos testar a demonstração de Resident Evil 2.
É curioso, mas quando algo mágico está prestes a acontecer temos uma espécie de pressentimento.
E aquele sem dúvidas foi um dia especial, porque era a segunda vez em menos de 24 horas que este pressentimento nos visitava.
Quando colocamos o disco e fechamos a tampa do console, ficamos todos calados e de olhos bem abertos, como três cachorros olhando para uma máquina de frango assado em pleno funcionamento.
Por ser uma versão demo, não havia nenhuma apresentação tão impactante, mas assim que o jogo começou fomos transportados para aquele mundo poligonal.
Um personagem totalmente novo, gráficos ainda mais bonitos e uma nova carga de informações.
Mas havia algo ali que era mais impressionante que tudo: estávamos numa rua!
A mesma rua que eu havia desejado visitar a algumas horas atrás, enquanto jogávamos o primeiro Resident Evil.
Haviam carros pegando fogo e uma trilha de zumbis em nosso caminho, até chegarmos numa loja de armas.
Um final trágico para o vendedor de armas, um beco com uma quadra de esportes, outro beco, um ônibus.
Os zumbis gritando ao fundo, o som de vento cortante complementando a ambientação.
A demo terminava ao chegarmos na RPD.
Jogamos pelo menos mais quatro vezes ainda naquela noite, testando tudo o que nos foi possível.
Absorvendo o Impacto
Já era tarde e precisamos encerrar a jogatina.
Ficávamos todos em camas separadas, mas quando apagávamos as luzes era costume passarmos um tempo conversando, até que algum de nós pegasse no sono.
Foi quando nosso outro amigo/irmão falou:
“Parece que eu ainda estou ouvindo os zumbis”.
E o que ele disse não foi nenhum exagero, todos estávamos com aquela mesma sensação.
Talvez pelo tanto que o jogo nos impressionou, talvez por não estarmos acostumados a efeitos sonoros tão bons, mas parecia que os zumbis estavam fazendo barulho aqui em nossa rua.
Aqueles sons ficaram gravados em nossas mentes, aquele jogo havia explodido nossas cabeças.
Esta noite marcou a todos nós, até hoje relembramos deste ocorrido em conversas.
Naquele momento eu já tinha a certeza de que havia jogado um dos melhores jogos da minha vida.
Quem compara a qualidade gráfica dos jogos atuais com a do primeiro Resident Evil pode achar que estou exagerando, mas quem viveu isso na época sabe que não é.
Resident Evil trouxe os zumbis e o terror para os videogames numa plataforma inovadora.
E Resident Evil 2 foi tudo aquilo que esperávamos que ele fosse.
Ele melhorava todos os aspectos do primeiro e ainda nos colocava na cidade.
Foi o jogo certo, no momento certo.
Um Dos Melhores Capítulos
Esta foi a história de quando conheci Resident Evil.
O salto entre gerações costumava ser muito maior, e pode acreditar, a evolução que o primeiro Playstation representou foi algo sem precedentes.
Antes dele a maioria das pessoas sequer sabiam o que era um jogo com movimentação 3D.
O período do Playstation somava inúmeras possibilidades a novos recursos e quase nenhuma barreira criativa.
Muitos jogos dessa época entraram para a história justamente por saberem tirar proveito disso, e a Capcom se manteve entre as produtoras mais geniais de todos os tempos.
O Playstation me trouxe muitas alegrias.
Pouco tempo depois conheci Tomb Raider, Metal Gear, Soul Edge e tantos outros.
Não faltaram momentos lendários naquela geração, mas sem dúvidas a chegada de Resident Evil foi um dos mais marcantes de todos os tempos.
Mesmo tendo seus altos e baixos ao longo do tempo, Resident Evil segue sendo uma de minhas franquias favoritas, tendo vários jogos inesquecíveis em sua história.
Ainda que tenha sido apenas em versão demo, posso dizer que conheci no mesmo dia os dois primeiros jogos da série.
E este acontecimento influenciou muito a relação que tive com os videogames dali pra frente.
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A paixão por videogames surgiu à primeira vista, em algum lugar entre as gerações 8 e 16 bits
Falar sobre games sempre foi uma parte da diversão, eu e meus amigos passávamos muito tempo jogando e conversando sobre nossos jogos, na antiga locadora do Bigode, em casa e na escola.
Mesmo num mundo cada vez mais digital, encontrar pessoas apaixonadas por videogames e falar sobre nossos jogos continua sendo importante.
Decidi então fundar a iniciativa Bigode Games, um lugar onde falamos sobre o melhor que os videogames podem nos proporcionar.
Muito legal a história eu e meu irmão conhecemos primeiro o Resident Evil 3 para PC lá pelos idos de 2002/03
Obrigado pelo comentário, Adriel!
Quem conheceu Resident Evil nessa época nunca mais esquece.