Conheça o drama de Greg, ao assistir o filme de Super Mario.
Um texto de Greg Vendramini
Todo mundo tem alguma falha de caráter.
Todos temos aquele segredo guardado lá no fundinho do nosso ser, que até nossos amigos mais íntimos olham torto.
Aquele filme clássico que você não viu, aquela comida que todo mundo ama menos você, ou aquele assunto que é conhecimento comum e você desconhecia por completo.
E assim como você não viu Poderoso Chefão 2 ou não gosta de sorvete de flocos, eu tinha uma falha de caráter muito grande, que é nunca ter jogado Mario.
Calma, calma, não precisa jogar mais nada em cima de mim.
Eu reconheço o tamanho do vacilo e tenho inúmeras desculpas esfarrapadas preparadas aqui.
A principal é que eu nasci em 91 e fui ter meu primeiro videogame em 97.
Como ganhei o Mega Drive, minha infância foi sem jogos do Mario.
Quem cresceu naquela época sabe que se você não tem um determinado videogame, toda a biblioteca que não fosse dele lhe era alheia, e somente algumas poucas famílias podiam ter mais de um videogame em casa.
Tirando portáteis, o primeiro videogame da Nintendo que eu tive foi o Wii em 2008.
Já na época eu gostava de Mario Kart Wii e Super Smash Bros. Brawl, mas nem cheguei perto do excelente Mario Galaxy.
A adolescência é uma fase complicada e eu -como você- passei pela fase de “eu não quero joguinho de criança, e Mario é coisa de bebê”.
Para quando eu já tinha saído dessa fase besta, não tinha mais o Wii e o Mario virou aquela matéria evitada na grade escolar.
Eram tantos anos para alcançar, tantos jogos recomendados -muitos eu nem tinha como jogar ainda- que eu simplesmente fui deixando para depois.
Eu sou familiarizado com muitos jogos do encanador, mas não com os principais.
Mario Kart, Mario Strikers, Mario Party… Mas nunca uma aventura solo.
Super Mario – O Filme
Chegou então o lançamento do filme do bigodudo mais famoso dos videogames, e a internet estava se desfazendo de amores desde o trailer.
O visual, a estética, as referências…
Todo o medo de uma base de fãs traumatizada pelo longa de 1993 desapareceu, e se transformou em esperança de que essa fosse finalmente uma adaptação de videogame pro cinema que fosse 5 estrelas.
E foi. Mas não para mim.
Olha, eu sei que vocês vão torcer o nariz, e vocês têm razão.
Errado estou eu, que não tinha jogado Mario até depois dos 30.
Eu vi o trailer, achei normal, e tive a oportunidade de assistir o filme.
Não vou falar que odiei, mas ficou evidente bem no começo que o filme não era para mim.
É uma aventura divertidíssima de 90 minutos junto aos personagens clássicos, mas como filme, ele entrega uma história simples (até demais) que claramente aposta no carinho dos fãs pelo personagem e sua mitologia.
Eu vi gente chorar no cinema, e a cada 2 minutos alguém apontava para a tela emocionado.
E gente, eu peguei várias referências, desde músicas à personagens que apareciam em cartazes e coisas do tipo.
Mario é uma força da cultura pop tão grande que até quem é alheio conhece algumas coisas.
Mas ainda assim, o filme ficou com cara de que podia ser mais, e já no primeiro minuto eu percebi que o problema era comigo.
Não digo em nenhum momento que ele teria que fazer as coisas de outro modo (no fim das contas, mais de 1 bilhão de dólares em bilheteria e toda a fanbase sorrindo de orelha à orelha indicam que o filme acertou em cheio).
Para mim, que não vibrei com cada referência, ele foi “ok”.
Comprovei então que a maioria das pessoas tinha adorado o filme, e que o “errado” realmente era eu.
Amaram os easter eggs daquele mundo que eles levam jogando faz 30 anos, da mesma forma que eu amaria se, sei lá, fizessem um filme de Pokémon que seguisse a história principal. Justo.
Cada amigo que eu conversava me olhava torto, mesmo eu explicando meus motivos.
Resolvi esconder tudo do nosso Capitão Barry (afinal, com certeza eu seria despedido da BIGODE Games se essa informação vazasse), e fui testar alguns jogos do encanador antes de conversar sobre o assunto com mais alguém.
Como dizia o fotógrafo Chase Jarvis, “a melhor câmera é aquela que está com você”, e o melhor jogo do Mario é aquele que você vai conseguir jogar na hora.
Mesmo morrendo de vontade de testar o Mario Galaxy ou o Super Mario World, minha viagem começou com o New Super Mario Bros 2, de 3DS, que foi o que eu consegui encontrar.
Agora vocês podem todos se organizar para me chamar de trouxa uma vez só, que fica mais fácil, mas, olha, não é que o jogo que todo mundo elogia faz mais de 30 anos realmente é bom?
Onde moro é verão no momento, e foram várias noites quentes em que eu me distraía do calor abrindo a janela e escutando o vento balançando as árvores e a excepcional trilha sonora do 3DS no fundo.
Vocês já sabem o quanto eu gosto do 3DS, e em grande é por momentos como esse: Quando aliado a um jogo bom, você simplesmente joga por horas e horas, sem distrações nem preocupações.
Sem notificações que te tirem da imersão, sem funções desnecessárias.
Enquanto escrevo este texto, fiz 2 coisas. A primeira, foi comprar o disco 4k do filme do bigode.
Quero assistir de novo, dessa vez sem preconceitos, e já sabendo que a base do filme é o carinho pela história do personagem.
Com certeza a minha nota e a minha experiência serão diferentes.
E a segunda, já providenciei também um cartucho do Mario Odyssey, tido por muitos como o melhor jogo do personagem, e também o mais recente da linha principal.
Quem sabe, não foi esse o começo de uma longa amizade?
Créditos:
Texto e revisão por Greg Vendramini
Siga o Greg no Twitter: @Greg_Vendramini
Um agradecimento especial do Bigode ao Greg, por compartilhar este ótimo texto aqui na Bigode Games.
É uma verdadeira honra!
A paixão por videogames surgiu à primeira vista, em algum lugar entre as gerações 8 e 16 bits
Falar sobre games sempre foi uma parte da diversão, eu e meus amigos passávamos muito tempo jogando e conversando sobre nossos jogos, na antiga locadora do Bigode, em casa e na escola.
Mesmo num mundo cada vez mais digital, encontrar pessoas apaixonadas por videogames e falar sobre nossos jogos continua sendo importante.
Decidi então fundar a iniciativa Bigode Games, um lugar onde falamos sobre o melhor que os videogames podem nos proporcionar.
Excelente texto, Greg!
Jamais te condenaria por algo assim!
Também não precisa se sentir culpado por não gostar de alguma coisa que todo mundo gosta. Ao menos você assistiu, não saiu falando sem saber.
Eu também demorei bastante para ter contato de verdade com algum jogo do Mario.
Ainda tenho muito a conhecer sobre os jogos dele.
A maior diferença deve ter sido que mesmo sem ter essa bagagem de nostalgia com o personagem, curti muito o filme!
É bem complicado adaptar a história de um personagem como Mario para os cinemas.
Se for uma coisa muito parecida com os games vai agradar aos fãs dos games, sem atrair ninguém novo. Se for algo distante dos games, os fãs se sentirão deixados de lado.
Tenho a impressão que a Nintendo tomou o caminho mais seguro, ficando do lado dos fãs e deixando o caminho aberto, caso desejem fazer uma sequência.
Achei isso bem legal, e adorei que colocaram o Donkey Kong.
Não esquece de contar pra nós se na segunda vez que viu o filme, após todos os outros eventos, gostou ou ficou na mesma situação!
Fui assistir bem no dia que saiu, inclusive! Eu tentei embarcar. E quem me conhece sabe que eu tento chegar em todo filme já dando alguns pontos, valorizando o trabalho da galera. É difícil eu dar menos de nota 4 para qualquer obra. Curiosamente, fui assistir com alguém que tinha mais bagagem de Mario do que eu, e ela também viu o mesmo problema.
Sem dúvidas a Nintendo apostou no seguro e o deu certíssimo. O filme tem que agradar primeiramente quem é fã, e isso ele fez sem a menor sombra de dúvidas. Só achei que ele não conseguiu dar o pulo que o Sonic e o Detetive Pikachu fizeram, de agradar tanto os fãs quanto quem não é do fandom.
Como detalhe, vale dizer que eu até gostei do Donkey Kong no filme, sendo que é um personagem que eu nunca simpatizei. Não gosto de nenhum macaco na cultura pop, inclusive (já que a gente começou falando de falhas de caráter, deixo essa outra aqui também).
E sim, pode garantir que quando eu assistir de novo, já com uma bagagem mais completa, atualizo vocês 😉
Abraços e como sempre, obrigado por passar por aqui para ler o texto, Barry.
Ficarei na torcida!
E se de todo jeito não conseguir mesmo gostar, paciência.
Acontece.