Algumas ideias e reflexões para você, que também deseja ver mais John Wick no mundo dos games.
Um texto de Greg Vendramini
Algumas pessoas gostam de ser precursoras de um determinado movimento.
Quase hipsters, eles ficam com raiva quando aquela banda ou aquele filme que era conhecido somente entre os mais cultos passa a ser popular.
Nos círculos de música, é normal você escutar que a banda X ou a banda Y estragou depois de virar mainstream.
Eu sou totalmente o contrário.
Às vezes acontece que eu fico de olho em alguma banda, filme, ou jogo muito antes dele começar a cair nas graças do povo, e quando aquela obra finalmente é reconhecida, eu vibro de felicidade.
Fiquei imensamente orgulhoso de ver aquele Oscar Isaac lá de Sucker Punch em 2011, brilhar em Duna, Star Wars, e Cavaleiro Lua.
Aquele No More Heroes de 2007 que ia ser lançado no Wii, ganhar várias sequências
e ter até dar as caras no Smash Bros de Nintendo Switch, quase 15 anos depois.
Foi assim também com o ator Keanu Reeves, que durante décadas foi motivo de chacota
na internet por suas parcas habilidades de atuação e os “memes” sobre sua aparente
tristeza, mas que reacendeu o carisma e caiu nas graças do povo na última década com o lançamento de uma das melhores sagas de ação do cinema recente: John Wick.
Assim que assisti o primeiro filme, lá em 2014, lembro que rapidamente comecei a
comparação com um videogame de ação.
As sequências de ação com alta visibilidade e câmera estável, faziam das cenas de luta quase que uma demonstração de golpes em algum jogo de luta.
Já no primeiro filme pensei que aquilo daria um excelente jogo de ação em terceira pessoa, seguindo os moldes de Max Payne.
Com o segundo filme em 2017 veio a popularidade, e com o terceiro em 2019, o universo se expandiu.
Uma das coisas lançadas naquele mesmo ano foi o jogo John Wick Hex, uma espécie de estratégia por turnos no qual decidimos as ações de John em pausa, e depois vamos vendo o efeito delas no tempo.
Embora o jogo tenha sido bem acolhido pela crítica e o público (inclusive ganhando Melhor Jogo de Estratégia no Game Critics Awards de 2019), ficou evidente que aquele tipo de jogabilidade não foi a que melhor captou a essência da ação frenética e imprevisível da franquia.
Em novembro de 2022 a Lionsgate, dona dos direitos do personagem, disse haver recebido várias ofertas para um novo jogo AAA do personagem, mas que pelo momento não estava trabalhando em nada ainda.
“Mas Greg, só tem um jogo do personagem então? E esse artigo aqui?” -pensou você.
Se você, como eu, está esperando que a Lionsgate finalmente revele um jogo novo da
franquia, talvez esteja se perguntando que outro tipo de jogos podem tapar o buraquinho
que o Continental e seus hóspedes deixaram no seu coração.
E por sorte, jogo bom é o que não falta.
Max Payne 3:
Já citado nesse artigo, Max Payne 3 foi o primeiro jogo que passou pela minha mente lá atrás, assistindo o primeiro filme.
Lançado em 2012 da mão da Rockstar, o jogo era uma mudança drástica em tom e ambientação dos dois primeiros títulos. Dessa vez Max abandona a sombria Nova York (bem mais apropriada para John Wick) pela nossa conhecida São Paulo.
Falando nisso, vocês se incomodam quando um videogame mostra de forma errada um lugar que vocês conhecem?
É claro que não vai ser uma réplica exata, mas para quem conhece de perto, as diferenças são gritantes.
O jogo foi muito criticado na época por suas gírias de fora de São Paulo e o sotaque forte -e não paulista- dos dubladores.
Mas além dos coqueiros em São Paulo, Max Payne 3 trouxe aquela ação “íntima”, aquela troca de balas que às vezes acontecia em lugares fechados, em que as vezes é melhor dar um soco ou um chute do que tentar apontar uma arma.
Era comum passar por cenas de ação em escadas ou no saguão de um hotel, tudo regado à muita câmera lenta.
Câmera lenta até demais para mim, diga-se de passagem.
Hitman
Eu confesso que uma falha minha de caráter tem a ver com a saga Hitman.
Demorei demais para dar uma chance aos jogos do assassino do código de barras.
E quando eu pensava em finalmente conferir, eles lançavam uma adaptação duvidosa para o cinema e eu acabava deixando para depois.
Só recentemente que, com o soft reboot que a franquia teve em 2016, eu finalmente engoli minhas palavras.
Amigos, que jogos.
Os cenários simples com uma liberdade absurda de meios para cumprir seus objetivos, o personagem estóico, seu eterno terno e gravata preto e sua atitude profissional… Se trocamos a característica cabeça raspada do Agente 47 por uma cabeleira preta e barba, é fácil fingir que as missões de Hitman são somente missões cumpridas pelo Baba Yaga em sua época dourada de assassino.
Um grande quebra-cabeça que pode se transformar em tiroteio rapidamente, Hitman (2016, e suas continuações de 2018 e 2021) são uma recomendação forte para quem quer mais da franquia de ação de Keanu Reeves e Chad Stahelski.
Hotline Miami
Se você não conhece Hotline Miami, está vendo imagens do jogo agora e pensando que eu enlouqueci de vez por botar esse jogo pixel-art na lista.
Se você já conhece Hotline Miami, estava se perguntando porque ele estava demorando tanto para aparecer! Lançado também em 2012, Hotline Miami foi um dos primeiros jogos indies a fazer barulho nas grandes plataformas, sucesso que repetiu com a sequência Hotline Miami 2: Wrong Number.
Também ambientado em um submundo repleto de mafias e tradições bizarras, em Hotline Miami teremos uma visão de cima de telas repletas de inimigos que teremos que eliminar.
Talvez seja o jogo mais frenético de ação dessa lista, e o que mais se aproxima das cenas de ação intensas da franquia John Wick.
Golpes com móveis, pulos por janelas, tiros atravessando portas e paredes, troca de armas durante as lutas, e muito mais vão te manter grudado ao controle durante 15 missões relativamente curtas, nas quais você vai morrer muitas vezes e continuará jogando logo na sequência, graças ao excelente loop de jogabilidade.
De quebra, se você é fã da música estilo synthwave, se prepare para adicionar várias faixas à sua lista de favoritos no Spotify.
The Hong Kong Massacre
Por último, The Hong Kong Massacre é um jogo de 2019 lançado para PC, Switch, e PS4, que parece beber muito tanto do Hotline Miami quanto do nosso querido John Wick.
Muitas críticas foram feitas comparando os dois jogos, mas a verdade é que o estilo pixelado e simples de Hotline Miami ficou de lado por um tom mais realista, com menos neon e mais noir.
Muitas vezes parecido com um filme asiático de ação dos anos 80, THKM foca mais nas armas de fogo e também utiliza a vista de cima e os ambientes fechados, e ainda consegue usar o “bullet time”, aquela câmera lenta que o Max Payne tanto abusava.
Para quem já assistiu ao quarto filme da franquia, vale saber que o diretor Chad Stahelski
confirmou em uma entrevista que The Hong Kong Massacre foi inspiração direta para umas das melhores cenas de ação do filme, um tiroteio sem cortes de câmera em um prédio abandonado em Paris.
Se até o diretor da saga diz que se inspirou no game, sem dúvidas você também deveria ir lá conferir o que chamou a atenção dele, não é?
O Universo De John Wick
John Wick gerou um universo rico e variado.
Já somam 4 filmes da saga principal, 1 jogo, 1 quadrinho, e logo logo teremos um filme spin-off e uma mini-série.
Com a boa acolhida que a franquia tem entre o público e a crítica, é quase certeza que a Lionsgate vai acabar nos dando um jogo AAA do personagem.
Mas enquanto isso não acontece, vamos conferindo os ótimos jogos dessa lista e talvez até lá já tenhamos mais notícias.
Quem sabe, até com o Keanu em pessoa fazendo a dublagem ou a captura de movimentos do icônico personagem.
Créditos:
Texto e revisão por Greg Vendramini
Siga o Greg no Twitter: @Greg_Vendramini
Um agradecimento especial do Bigode ao Greg, por compartilhar este ótimo texto aqui na Bigode Games. É uma verdadeira honra!
A paixão por videogames surgiu à primeira vista, em algum lugar entre as gerações 8 e 16 bits
Falar sobre games sempre foi uma parte da diversão, eu e meus amigos passávamos muito tempo jogando e conversando sobre nossos jogos, na antiga locadora do Bigode, em casa e na escola.
Mesmo num mundo cada vez mais digital, encontrar pessoas apaixonadas por videogames e falar sobre nossos jogos continua sendo importante.
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